POV Peeta
Observei ao longe o menininho de cabelos loiros se inclinar e entregar uma flor à menininha que, sentada no chão, chorava copiosamente. A garotinha parou de chorar na hora, o olhar que lançava a ele era uma mistura de surpresa e fascinação.
– Agora ela vai amá-lo para sempre. – ouvi uma voz masculina comentar ao meu lado.
– É claro que vai. – respondia sem tirar os olhos das duas crianças.
– Peeta, acredito que seja melhor nós irmos agora porque você sabe como sua mamãe fica quando atrasamos. Vou chamar Louise enquanto você pega o seu filho.
– É claro, General Hawthorne. – levantei e, de brincadeira, bati continência antes de ir buscar o meu filho.
Quando cheguei mais perto dos dois, pude ouvir um pedaço da fala do meu filho:
– Papai sempre leva flores para minha mãe. Ela fica sorrindo o dia inteiro.
Será que até mesmo nas palavras Ryan tinha que ser minha cópia?
Porque, fisicamente, não seria possível distinguir meu filho das minhas fotos de infância. Tinha certeza de que, a cada dia que passasse, ele ficaria ainda mais parecido comigo. Assim como Tiago havia ficado e estava ficando. Eu brincava com meu amor dizendo que, se eu mesmo não estivesse presente na hora do parto, duvidaria que eles fossem da Kat pois não havia nada dela ali. Talvez um pouco da personalidade, na verdade eles eram ela totalmente na personalidade.
Depois de observar os dois, abaixei próximo a eles e chamei meu filho.
– Ryan, filho, quem é sua amiga? – sorri para a garotinha de cabelos e olhos negros.
– Papai, essa é Luiza. – meu garotinho apontou para ela.
– Prazer, Luiza, sou Peeta Mellark. – entendi a mão.
Ela olhou de maneira hesitante de minha mão para o meu rosto e então para o rosto de Ryan. Ele lhe lançou um sorriso encorajador, então, e só então, ela respirou fundo e apertou de leve a minha mão.
– Prazer, senhor Mellark, sou Luiza Bass. – imitou meu cumprimento. Sorri por seu gesto e ela abriu um sorriso tímido também.
– Luiza?
Ouvi uma voz perguntar do alto e levantei a cabeça, encontrando uma homem elegante de cabelos pretos.
– Papai! Esse é o Ryan! – a pequena moça foi para o lado dele e segurou em sua mão.
– Olá, senhor Bass. – meu filho estava extremamente corado, mas continuava sendo um cavalheiro como nós havíamos ensinado.
– Olá, Ryan. – ele sorriu.
Levantei-me e estava prestes a me apresentar quando fui interrompido: – E esse é o senhor Mellark. Pai do Ryan.
Nós dois olhamos para a mais nova com as sobrancelhas arqueadas. – Prazer, sou Joshua Bass. – estendeu a mão.
– Peeta Mellark. – apertei sua mão.
– Querida, fico muito feliz que você tenha arrumado um amiguinho, mas mamãe está nos esperando para ir embora. – olhou novamente para filha.
– Tchau, Ryan. – deu um beijo na bochecha dele, deixando-o completamente vermelho – Tchau, senhor Mellark. – acenou para mim.
Retribui o aceno.
– Foi um prazer. – sorri para ela e acenei com a cabeça para seu pai. Ambos retribuíram o gesto.
– Tchau, Luiza. Senhor Bass.
Eles sorriram mais uma vez antes de virar as costas e sair andando em direção a um belo carro importado.
– Vamos, meu amor, tio Gale e Louise estão esperando por nós. Vamos almoçar na casa da vovó e ainda temos que buscar sua mãe. – estendi a mão para ele.
– Vamos, Papai.
E, de mãos dadas, seguimos até meu cunhado e minha sobrinha e, de lá, para fora do parque.
Dirigi até o enorme escritório e, ao estacionar, saltamos para fora do veículo. Segurando firmemente meu filho pela mão, dirigi até a recepção.
Gale tinha acabado de falar com Madge pelo celular e, sabendo que ela não estava em um atendimento, foi direto para o escritório dela.
– Hey, Judy! – cumprimentei a recepcionista.
– Bom dia, Dr. Mellark. – a velha senhora cumprimentou de volta. – Bom dia, Ryan.
– Oi, Judy. Minha mãe está ocupada?
– Não, querido. Pode entrar lá.
Ryan não esperou um segundo convite e abriu a porta que continha a placa "Katniss Mellark, Advogada", correndo para dentro da sala.
Meneei a cabeça.
– Judy, Judy, já pedi para me chamar apenas de Peeta. - Disse sorrindo – Acho que vou encontrar a minha mulher agora. – pisquei um olho – Até depois, Judy.
– Até depois, Dr. Mellark.
Sacudi a cabeça, rindo. A mulher com seus 60 anos nunca iria mudar. Ela sorriu de volta, mas fomos interrompidas pelo som do telefone. Judy acenou para mim e pegou o telefone. Enquanto andava até a sala da minha esposa, pude ouvir:
– Escritório de Advocacia Mellark & Hawthorne, bom dia.
A porta estava aberta e dentro da impecável e grande sala pude visualizar 2/4 do meu coração. Katniss havia afastado a cadeira da mesa para acomodar Ryan em seu colo. Minha esposa olhava atentamente para ele, que mantinha a expressão séria enquanto falava e gesticulava com as mãozinhas.
– ...Então eu dei as flores a ela e disse que ela deveria sorrir. A senhora sempre sorri quando o papai traz flores. – olhou para a mãe com pura adoração – Eu adoro seu sorriso mamãe.
Meu coração falhou duas batidas. Uma por ser abençoado o suficiente para presenciar um momento tão bonito entre mãe e filho. E outra pela última fala de Ryan e pelo sorriso idêntico que agora os amores da minha vida sustentavam. Talvez eu estivesse errado e que Ryan tem traços da minha Kat sim.
– Eu também adoro o seu sorriso, meu amor.
Senti o tão dito sorriso crescer em meu rosto. Como sempre acontecia, Katniss levantou a cabeça e olhou diretamente para mim. Era como se ela tivesse um radar que me localizava sempre que estávamos no mesmo cômodo. Nossos olhares sempre se encontravam, não importando quantas pessoas estivessem no recinto.
– Oi, amor.
– Oi meu amor.
Nosso momento especial foi cortado pela animada voz do nosso garotinho de cinco anos:
– Mãe, a senhora sempre chama a papai de amor. – pareceu refletir um pouco – Eu posso chamar a Luiza assim também? Sabe, agora que somos namorados como a senhora e o Papai.
Arregalei os olhos e percebi que minha esposa fazia o mesmo. Ryan era inteligente demais para a idade que tinha. Mas também não o eram todos os outros Mellark? Minha esposa olhou assustada para mim. Arqueei a sobrancelha e esperei pela resposta que ela daria ao nosso filho.
– Filho, você não pode chamar Luiza de amor. – manteve o tom de voz o mais suave possível.
– Por quê?
– Porque vocês são muito novos para isso.
– Por quê?
Contive a risada e fui ao socorro da minha mulher que parecia cada vez mais perdida. Peguei Ryan no colo.
– Querido, você sabia que o papai da Lily só a deixou namorar Tiago quando eles fizeram quinze anos?
– Não.
– Sabe por que? Porque eles eram muito novos antes e tinham muita coisa para aprender na escola e na vida. – continuei ao vê-lo sacudir a cabeça em forma de negação a minha pergunta. – Você e Luiza só podem namorar de verdade quando forem mais velhos. Agora é muito cedo.
– Mas ela vai se esquecer de mim! – protestou.
– Ryan, você sabia que eu conheci sua mãe quando eu tinha exatamente a sua idade? – sacudiu a cabeça novamente. – É. Eu a conheci quando tínhamos cinco anos e ela me amou desde aquele dia.
Senti os braços ao meu redor apertarem docemente o abraço.
– Eu também amei sua mãe desde aquele dia, Ryan. Só não enxerguei isso naquele momento.
– Quando ficamos mais velhos, nós começamos a namorar. – Ela falou. As lembranças me soterraram, aumentando meu sorriso.
– E depois vocês casaram?
– Quase. – eu continuei pela Katniss – Nós tivemos alguns problemas antes porque o papai foi muito teimoso. Mas, sim, depois disso nos casamos.
– Você consegue entender o que estamos tentando lhe explicar, filho? – comecei a fazer carinho em seus cabelos loiros.
– Que eu só posso namorar quando for velho igual ao Tiago?
Minha esposa e eu soltamos uma risada gostosa.
– Isso também. – respondi. – Mas tem mais uma coisa que você precisa entender.
– E o que é? – o azul-Mellark de seus olhos me encarou com expectativa.
– Que há um tempo para tudo na vida. Não tem como apressar as coisas. O que tiver que ser, será.
– Eu já ouvi falar sobre isso! – exclamou, feliz. – É isso que a tia Madge chama de "destino", não é?
– É sim, filho.
– Então você acredita em destino, mamãe?
Desviei minha atenção para minha esposa, e, encarando aqueles olhos que brilhavam de amor por mim há mais de vinte anos e que eu amava. Respondi a pergunta:
– Sim, meu filho. Eu acredito em destino.
xxx
Deu três batidas na elegante porta de madeira e rapidamente um sorridente Mellark apareceu para nos receber.
– Vovô! – Ryan exclamou, agarrando-se ao pescoço do avô que se abaixou para abraçá-lo.
Meu pai nunca ficaria velho. Eu estava casado há quase vinte anos e ele parecia o mesmo homem sentado na primeira fileira de bancos no dia em que tornei oficialmente Katniss uma Mellark.
– Ryan, querido. Como você está?
– Muito bem, vovô! E o senhor? – sempre o meu pequeno cavalheiro.
– Muito bem também. Obrigado. – sorriu para o neto em seu colo e desviou a atenção para nós dois.
– Olá, meus queridos. Que bom que chegaram. Estávamos esperando por vocês. – me deu um abraço.
– Desculpe o atraso, George. - Minha esposa se pronunciou.
– Não tem problema, querida. Vocês não estão atrasados Madge e Gale chegaram há pouco também. – deu um beijo em seu rosto – Sua prima ligou avisando que ela e Peter não poderão vir hoje porque o pequeno Liam estava com febre. Jennifer disse que era apenas um resfriado, mas eles preferiam não submetê-lo à viagem de carro do distrito quatro até aqui - completou ao ver careta de preocupação da minha esposa - Eles prometeram vir nos ver no próximo final de semana.
- Fico feliz com a notícia - Minha esposa respondeu.
– Vamos entrar. - meu pai falou.
Enquanto passava pela porta pude ouvir meu filho, que vinha logo atrás de mim no colo do avô, contar-lhe as novidades:
– ... mas o papai disse que eu não posso namorar a Luiza porque nós temos que esperar o destino.
Contive uma risada e andei um pouco mais rápido para dar um pouco de privacidade ao momento dos dois.
Assim que entrei na sala, fui cumprimentar minha mãe que, exatamente como meu pai, não parecia ter envelhecido nem mesmo um dia depois do meu casamento. Logo em seguida vi o cabelo castanho escuro de minha filha vindo em nossa direção. Ela se jogou em meus braços. Katniss imediatamente soltou a mão de minha para eu poder abraçá-la.
– Olá, princesa. – sorri ternamente.
– Oi, papai. Estava com saudades.
Sorri. Nós dois tínhamos uma ligação fortíssima. Talvez por Catarina ser nossa única filha ou porque ela tinha os olhos e cabelos da mulher que eu amo. Seja qual for o motivo, Catarina Mellark era totalmente "Daddy's little girl", eu não conseguia negar nada a ela. Chegava a ser cômico.
– Você se divertiu bastante com Lana e Mary na casa da tia Clove e do tio Cato ?
As gêmeas de Cato e Clove tinham 12 anos, eram um ano mais velha que Catarina. Lembro-me exatamente de como foi o dia em que elas nasceram. Clove e Cato não queriam saber o sexo das crianças antes do parto. Quando descobriram e contaram ao resto da família. Gale e eu passamos o resto do dia fazendo piadinhas de como seria quando as meninas arrumassem namorados. Cato, ciumento como era, saia do cômodo cada vez que nós começavamos uma piadinha nova por "ele ter deixado de ser consumidor para ser fornecedor". É, eu sei. Piadinha ridiculamente idiota. Imagine então quando Catarina nasceu e, anos depois, no mesmo mês em que Katniss deu à luz a Ryan, Louise nasceu. Podemos dizer que Cato teve sua vingança.
Katniss interrompeu o falatório da nossa filha sobre como brincar de Banco Imobiliário era legal:
– Mamãe não vai ganhar nem um beijo?
Ela saltou do meu colo, como eu tinha agachado para acomodá-la sobre o joelho, e deu um abraço apertado na mãe.
– Oi, mãe. Eu também senti saudades da senhora.- Depois diminuiu a voz para continuar – A tia Clove não sabe fazer biscoitos de chocolate como os da senhora. Então amanhã nós vamos brincar lá em casa, certo? - Ri das duas.
– Sim, senhora, mocinha. – sorriu para nossa filha.
– Vou avisá-las. – pulou do meu colo e foi correndo em direção às crianças.
Abracei Katniss novamente pela cintura.
– Ela está crescendo tão rápido. – sussurrou em meu ouvido.
– Todos eles estão, amor. – virei o rosto para o lado e dei um beijo firme e rápido sobre seus lábios.
– Mãe? Pai?
Afastamo-nos e giramos para encontrar Tiago sorrindo bobamente apaixonado enquanto segurava a mão de Lílian.
- Olá, filho. Olá, Lílian. – minha esposa sorriu - Como foi na capital ? Conseguiu trocar os pneus do seu Volvo?
– Sim, senhor. – olhou para mim - Mas eles demoraram mais do que o necessário, por isso não passei em casa antes de vir, pai.
– Não tem problema, filho. Como vai, Lily? Você está especialmente adorável hoje. - Katniss respondeu na frente.
Sorri para a bela ruiva de brilhantes olhos verdes que era namorada do meu filho mais velho há quase dois anos. Ela vestia um bonito vestido verde que combinava perfeitamente com seus olhos. Eles me darão lindos netos quando chegar a hora certa. Lindos bebês de olhos azuis ou verdes.
Encarando aquele poço brilhante, pude finalmente entender o porquê de Tiago ter respondido sem titubear a Ryan que sua cor favorita era verde.
Assim como minha cor favorita era cinza. Como eu disse anteriormente, a única diferença entre eu e meu filho mais velho era a diferença de idade.
– Obrigada, senhora Mellark. A senhora está linda como sempre.
Agradeceu o elogio com um aceno de cabeça. Lily era uma garota adorável. Meu filho estava em boas mãos.
Tiago abriu a boca para falar alguma coisa quando foi interrompido por seu irmão que gritava animadamente:
– Pai! Pai! Olha o que o tio Cato me deu. – apontou para o boné branco com duas grandes letras "L" azuis cruzadas na frente que cobria seus desgrenhados cabelos.
Eu reconheceria aquele símbolo em qualquer lugar. Era o mesmo símbolo que estava pendurado no quarto de cada um dos meus filhos, no meu consultório, no escritório de Cato e também no da minha mãe. Era o símbolo dos...
– LAKERS! – Tiago gritou, animado, fazendo um high-five com o irmão – Esse boné é muito legal, Ryan. Deve ser da nova temporada. Vou ver se eu consigo um desses com o tio Cato. Vamos, amor. – puxou de leve a mão da namorada.
– Com licença, senhor e senhora Mellark. - a ruiva despediu-se.
– Tiago, veja se consegue um para mim também. – eu falei antes que ele pudesse se afastar demais. – Ryan, você agradeceu seu tio?
- Sim, papai. Ele também disse que vai conseguir um casaco desta temporada para mim. – o sorriso mal cabia no rosto.
O amor pelos Los Angeles Lakers era grande naquela família. E o fascínio por aquele time de basquete aumentou ainda mais quando Cato, seguindo seu sonho de carreira, conseguiu virar empresário de boa parte do time. Ele ia uma vez a cada quinzena para Capital. acertar pessoalmente alguns detalhes com os jogadores. Passava no máximo dois dias lá. Era todo o tempo que conseguia ficar longe das três mulheres de sua vida. Todo o resto do tempo ele trabalhava aqui mesmo. Num escritório comercial no centro da cidade. Era além da minha compreensão como ele conseguia ser o agente de alguns dos jogadores mais bem pagos do mundo há centenas de quilômetros de distância de seus clientes e em um escritório não muito grande em uma cidade menor ainda. Mas não dizem que a tecnologia está fazendo o planeta diminuir? Acho, então, que podemos dizer que meu irmão era um bom exemplo disso.
– Katniss!
Quem é vivo sempre aparece...
– Olá, Ca... – foi tudo que conseguiu dizer antes de ser sufocada em um abraço de urso – Tudo bem?
– Tudo. – a resposta foi muito rápida. – E, ai, irmãozinho? – sorriu para mim que tinha terminado de falar com nosso filho sobre como os Laker eram ótimos.
Ryan correu para encontrar Louise. Minha sobrinha fez uma careta para o boné dele, mas não comentou nada. Ela era fã dos Rockets , assim como o pai, mas, diferentemente deste, não desperdiçava seu tempo tentando convencer os homens Mellark sobre a superioridade de seu time.
– Onde está Clove, Cato?
– Ah! Que bom que você perguntou isso, Katniss. Ela está na outra sala discutindo no celular com a secretária de vocês. – gesticulou com as mãos, mostrando um pouco de seu desconforto com a situação - E acho que ela está um pouco exaltada. Talvez não fosse melhor você ir lá dar uma olhadinha no que está acontecendo...?
Soltei uma gargalhada. Gale e Katniss eram as duas únicas pessoas que conseguiam lidar com o estado de raiva de Clove. Gale por sua calma e Katniss por ser tão cabeça-dura quanto ela. Justiça seja feita, Cato também conseguia, mas ele evitava ao máximo encará-la quando ela estava passando por esse estado emocional porque depois provavelmente teria que dormir no quarto de hóspedes. Ela iria gritar muito com ele, mesmo ele não
sendo o motivo de sua raiva. Clove Mellark era orgulhosa demais para perceber que estava errada ao brigar com o marido por algo de que ele não tinha culpa e admitir isso no mesmo dia. A baixinha só reconhecia o erro no dia seguinte. Então, faziam as pazes e voltava tudo ao normal. Mas, até lá, como Cato adorava repetir "dormir sozinho é uma droga".
– Sem problemas, cunhadinho. Vou lá agora.
– Obrigada, Katniss. Você é a melhor cunhada que eu tenho. – deu-me outro abraço esmaga-ossos.
– Sou sua única cunhada, Cato. - ela respondeu rindo.
– Detalhes. Detalhes.
Revirei os olhos.
– Já volto, amor. – deu outro beijo rápido em meus lábios.
Ela sorriu para mim e enquanto se afastava.
xxx
Eu carregava o adormecido Ryan em seus braços enquanto Katniss guiava Catarina, que estava trôpega de sono, para a porta de entrada de nossa casa. Vasculhei meu bolso até encontrar a chave. Depois de entrar na casa, tranquei novamente a porta. Tiago tinha ido levar a namorada embora, mas tinha sua própria chave. Cada um de nós dois levou um dos pequenos para seu respectivo quarto. Depois de ajudar meu filho a se trocar e colocar o
cobertor sobre ele, acendi a luz do abajur ao lado da cama, como ele gostava que ficasse e apaguei a luz principal do quarto. Fui para meu próprio quarto e o encontrei vazio.
Katniss provavelmente estava na cozinha, no andar de baixo, bebendo um copo de água antes de vir dormir, exatamente como ela fazia toda noite. Fui em direção ao meu closet a fim de colocar apenas minha calça de moletom. Todavia, estava no meio do caminho quando a vista que as portas da sacada do meu quarto deixavam passar chamou minha atenção. As cortinas não estavam fechadas e isso permitia que o brilho da lua cheia e de diversas estrelas entrasse no cômodo. Abri as portas e sai na sacada.
O agradável clima que o verão proporcionava me envolveu imediatamente. Fiquei alguns minutos em silêncio apenas apreciando a beleza da imensidão azul. Fui despertado de meu mundinho particular quando braços finos e sedosos me envolveram e senti Katniss me abraçar por trás. Ela deu um beijo nas minhas costas - o que me causou dezenas de arrepios, como sempre acontecia - e descansou o queixo sobre meu ombro.
– Em que está pensando, amor?
– Em nada. - suspirei - É só que a noite está tão linda. - Senti-a mover de leve a cabeça, agora observava as estrelas também. – Sempre que eu vejo uma noite tão bonita assim, lembro-me da minha avó.
Eu não precisava especificar qual avó era. Instantaneamente ela sabia que eu me referia a vovó Mellark.
– Eu sinto saudades dela.
A doce mulher - que mesmo sem intenção tinha mudado para muito melhor a minha vida - havia falecido alguns anos antes.
– Eu também, amor.
Levantei uma das mãos que estava sobre as suas e fiquei de frente para ela e a abracei, naquele abraço gentil e comecei a acariciar seus magníficos cabelos. Ficamos perdidos em nossos próprios pensamentos até que, minutos depois, a fiz dar a volta em meus braços e desci meus lábios sobre os seus. Levei uma mão ao seu pescoço, fazendo um carinho de leve enquanto a outra descansava sobre sua cintura.
Suguei seu lábio inferior de leve antes de me afastar. Escorreguei minha mão até a sua e entrelacei nossos dedos. Com um sorriso doce nos lábios e os olhos brilhando de amor, comecei a puxar de volta para dentro do quarto.
Antes de sair completamente da sacada, virei o rosto e encarei as estrelas mais uma vez. Pensando na família maravilhosa que eu tinha, sussurrei:
– Obrigada, vovó Mellark. Obrigada por ter me ajudado a conseguir a minha princesa. Obrigada por ter me ajudado a conquistar definitivamente o amor da minha vida.
E exatamente depois que terminei de pronunciar essas palavras, uma brisa suave passou por mim. Então, eu soube. Eu soube que aonde quer que ela estivesse, ela tinha me ouvido.
Fim


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